• Lisboa Menina e Moça


    No castelo, ponho um cotovelo
    Em Alfama, descanso o olhar
    E assim desfaz-se o novelo
    De azul e mar
    À ribeira encosto a cabeça
    A almofada, na cama do Tejo
    Com lençóis bordados à pressa
    Na cambraia de um beijo

    Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que meus olhos vêem tão pura
    Teus seios são as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta, ternura
    Cidade a ponto luz bordada
    Toalha à beira mar estendida
    Lisboa menina e moça, amada
    Cidade mulher da minha vida

    No terreiro eu passo por ti
    Mas da graça eu vejo-te nua
    Quando um pombo te olha, sorri
    És mulher da rua
    E no bairro mais alto do sonho
    Ponho o fado que soube inventar
    Aguardente de vida e medronho
    Que me faz cantar

    Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que meus olhos vêem tão pura
    Teus seios são as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta, ternura
    Cidade a ponto luz bordada
    Toalha à beira mar estendida
    Lisboa menina e moça, amada
    Cidade mulher da minha vida

    Lisboa no meu amor, deitada
    Cidade por minhas mãos despida
    Lisboa menina e moça, amada
    Cidade mulher da minha vida.

     

     

    Os Putos

    Uma bola de pano, num charco
    Um sorriso traquina, um chuto
    Na ladeira a correr, um arco
    O céu no olhar, dum puto.

    Uma fisga que atira ,a esperança
    Um pardal de calções, astuto
    E a força de ser, criança
    Contra a força dum chui, que é bruto.

    Parecem bandos de pardais à solta
    Os putos, os putos
    São como índios, capitães da malta
    Os putos, os putos
    Mas quando a tarde cai
    Vai-se a revolta
    Sentam-se ao colo do pai
    É a ternura que volta
    E ouvem-no a falar do homem novo
    São os putos deste povo
    A aprenderem a ser homens.

    As caricas brilhando ,na mão
    A vontade que salta ,ao eixo
    Um puto que diz ,que não
    Se a porrada vier, não deixo

    Um berlinde abafado ,na escola
    Um pião na algibeira ,sem cor
    Um puto que pede ,esmola
    Porque a fome lhe abafa ,a dor.

    Parecem bandos de pardais à solta
    Os putos, os putos
    São como índios, capitães da malta
    Os putos, os putos
    Mas quando a tarde cai
    Vai-se a revolta
    Sentam-se ao colo do pai
    É a ternura que volta
    E ouvem-no a falar do homem novo
    São os putos deste povo
    A aprenderem a ser homens

    Mas quando a tarde cai
    Vai-se a revolta
    Sentam-se ao colo do pai
    É a ternura que volta
    E ouvem-no a falar do homem novo
    São os putos deste povo
    A aprenderem a ser homens.


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  • Balada da Despedida

     Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.

    Que as lágrimas do meu pranto
    São a luz que lhe dá vida.

    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.

    Quem me dera estar contente
    Enganar minha dor
    Mas a saudade não mente

    Se é verdadeiro o amor.

    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.

    Não me tentes enganar
    Com a tua formosura
    Que para além do luar
    Há sempre uma noite escura.

    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.

    Que as lágrimas do meu pranto
    São a luz que lhe dá vida.

    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.

    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.
    Coimbra tem mais encanto
    Na hora da despedida.






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  • Mãe Preta


    Pele encarquilhada carapinha branca
    Gandôla de renda caindo na anca
    Embalando o berço do filho do sinhô
    Que há pouco tempo a sinhá ganhou

    Era assim que mãe preta fazia
    criava todo o branco com muita alegria
    Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava
    Mãe preta mais uma lágrima enxugava

    Mãe preta, mãe preta

    Enquanto a chibata batia no seu amor
    Mãe preta embalava o filho branco do sinhô.

     

    Canção Do Mar

    Fui bailar no meu batel
    Além do mar cruel
    E o mar bramindo
    Diz que eu fui roubar
    A luz sem par
    Do teu olhar tão lindo

    Vem saber se o mar terá razão
    Vem cá ver bailar meu coração

    Se eu bailar no meu batel
    Não vou ao mar cruel
    E nem lhe digo aonde eu fui cantar
    Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

    Vem saber se o mar terá razão
    Vem cá ver bailar meu coração

    Se eu bailar no meu batel
    Não vou ao mar cruel
    E nem lhe digo aonde eu fui cantar
    Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo.


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  • Grandola Vila Morena

     

    Grândola, vila morena
    Terra da fraternidade
    O povo é quem mais ordena
    Dentro de ti, ó cidade

    Dentro de ti, ó cidade
    O povo é quem mais ordena
    Terra da fraternidade
    Grândola, vila morena

    Em cada esquina, um amigo
    Em cada rosto, igualdade
    Grândola, vila morena
    Terra da fraternidade

    Terra da fraternidade
    Grândola, vila morena
    Em cada rosto, igualdade
    O povo é quem mais ordena

    À sombra duma azinheira
    Que já não sabia a idade
    Jurei ter por companheira
    Grândola, a tua vontade

    Grândola a tua vontade
    Jurei ter por companheira
    À sombra duma azinheira
    Que já não sabia a idade


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  • Barco Negro


    De manhã, que medo, que me achasses feia!
    Acordei, tremendo, deitada n'areia
    Mas logo os teus olhos disseram que não,
    E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

    Vi depois, numa rocha, uma cruz,
    E o teu barco negro dançava na luz
    Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
    Dizem as velhas da praia, que não voltas:

    São loucas! São loucas!

    Eu sei, meu amor,
    Que nem chegaste a partir,
    Pois tudo, em meu redor,
    Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

    No vento que lança areia nos vidros;
    Na água que canta, no fogo mortiço;
    No calor do leito, nos bancos vazios;
    Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

     

    Uma Casa Portuguesa


    Numa casa portuguesa fica bem
    Pão e vinho sobre a mesa
    E se à porta humildemente bate alguém
    Senta-se à mesa co'a gente
    Fica bem esta franqueza, fica bem
    Que o povo nunca desmente
    A alegria da pobreza
    Está nesta grande riqueza
    De dar, e ficar contente

    Quatro paredes caiadas
    Um cheirinho à alecrim
    Um cacho de uvas doiradas
    Duas rosas num jardim
    Um são josé de azulejo
    Mais o sol da primavera
    Uma promessa de beijos
    Dois braços à minha espera
    É uma casa portuguesa, com certeza!
    É, com certeza, uma casa portuguesa!

    No conforto pobrezinho do meu lar
    Há fartura de carinho
    E a cortina da janela é o luar
    Mais o sol que bate nela...
    Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
    Uma existência singela...
    É só amor, pão e vinho
    E um caldo verde, verdinho
    A fumegar na tigela

    Quatro paredes caiadas
    Um cheirinho á alecrim
    Um cacho de uvas doiradas
    Duas rosas num jardim
    Um são josé de azulejo
    Mais um sol da primavera...
    Uma promessa de beijos...
    Dois braços à minha espera...
    É uma casa portuguesa, com certeza!
    É, com certeza, uma casa portuguesa!

    É uma casa portuguesa, com certeza!
    É, com certeza, uma casa portuguesa!


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